Acho que não estamos preparados, Houston!

"Faraó, acho que não estamos preparados!" -- Foto: Andrea De Stefani (stock.xchng) 
Em toda minha vida profissional, e mesmo em conversas informais por aí, tenho ouvido com frequência esta frase do título (com exceção do "Houston"). A organização, a comunidade, a cidade, o estado, o país, o mundo precisam de uma mudança qualquer, mas importante e necessária (com o perdão do pleonasmo), e imediatamente uma batelada de gente -- com capacidade de formar opinião, inclusive -- levanta e voz em coro para dizer: não estamos preparados para isso.

Fico imaginando -- e sempre me posiciono dessa forma -- se Che Guevara e Fidel Castro tivessem dado ouvidos a essas pessoas. Ou Gandhi. Ou Mandela. Ou, olhando para a História do BrasilD. Pedro I. Ou a Princesa Isabel. Ou Deodoro da Fonseca. Ou os últimos presidentes militares. Imagine você a cena:

-- Presidente, a pressão do pessoal das Diretas Já está grande. Não dá mais pra segurar.
-- Deixa eles pra lá, assessor, vamos eleger o próximo presidente sem diretas, via colégio eleitoral.

Resultado: Sarney, El Bigodón, cinco anos na presidência. Estávamos preparados quando elegemos o Collor? Provável que não. E ao eleger FHC, Lula e Dilma? Provável que não também. Mas certamente estávamos mais preparados nas últimas eleições que nas primeiras -- e talvez o efeito Marina Silva seja um bom indício.

O fato é, parafraseando algum destes ditados ou ensinamentos populares: o caminho se faz caminhando. Melhor: planejar é importante, mas fundamental, necessário, preciso mesmo, é navegar, como disse meu amigo Pessoa. Portanto, pensemos, estudemos, planejemos. Mas, pelamordedeus!, começemos também, senão, por mais que pensemos, estudemos, planejemos, nunca nos prepararemos.


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